terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Onde cresci.

Nesse último final de semana eu e minha família nos mudamos de casa. Deixei para trás o condomínio em que cresci e enquanto carregava as nossas coisas para a carreta, observava as crianças correndo para lá e para cá com os pés descalços e chinelos nas mãos ao brincarem de esconde-esconde. Fazia questão de a todo momento mostrar para o meu irmão a criançada se escondendo pelos corredores dos prédios espiando pelas janelas, da mesma forma que fazíamos.

Foi entre esses mesmos corredores que junto aos meus amiginhos também me escondi. Entre os prédios inventávamos aventuras, fugíamos do tédio. Lembro que nos dias de sol, fazíamos guerra de água - cooperando assim para a falta de água potável no mundo. Nos dias de frio, inventávamos de assistir filme no apê de alguém ou ficávamos nos halls encolhidos, inventando brincadeiras ou apenas conversando - o que incomodava os vizinhos.

Assim como em todo lugar onde se tem criança, vivi época de tudo! Época de pipa, bola, de patins, patinete, bicicleta, peão, rouba-bandeira, pula-corda, de...de...de... tanta coisa! Teve um período em que todo mundo tinha um hamster e a gente levava nossos bichinhos para brincar (ou brigar) na grama. Em outro momento, o legal era jogar vôlei até de madrugada. E sabe o jogo de cartas "uno"? A gente jogava mau-mau, o uno no baralho, e era muito mais divertido!
Eu gostava muito quando a energia acabava à noite. Todo mundo descia. Todas as crianças e adolescentes. Era a oportundiade de rever aqueles que não saíam muito porque viviam estudando ou sei lá porque. A nossa brincadeira sempre era a mesma nessa ocasião: polícia e ladrão. Meninos contra meninas, quase sempre.
Quando eu era menor ainda, as brincadeiras vinham do mundo da imaginação. Além de rasgarmos nossas roupas escorregando nos morros que têm pelo condomínio, que nem sei como explicar como são, nós tínhamos a nossa caça ao tesouro! Detalhe: até hoje não encontramos o tal baú. Mas o legal é que era igual novela pois, todo dia a gente continuava a brincadeira de onde havíamos parado. Também tínhamos, cada um de nós, um amigo-fantasma-imaginário. E a gente sempre brincava com esses amigos nas balanças (imagina crianças empurrando balanças vazias).
E não para por aí. Um sonho nosso era construir uma casa! Na verdade, era cavar uma. Porque ela tinha que ser subterrânea. Com que cavávamos? Com colheres. A gente até ficava pensando como instalaríamos as luzes e em ter um elevador.
Na época da Chiquititas, que a gente tanto gostava, a nossa brincadeira era ter um orfanato de tatu. Sabe aqueles tatus em miniatura? Então. A gente pegava vários, colocava-os dentro de uma caixinha, que era o orfanato, e fazíamos de espetora uma formiga - sempre era uma formiga. No final do dia, os tatus orfãos eram libertos, sempre que a espetora - a formiga - morria com um meteoro - uma moeda - em cima dela. Era muito divertido!
Outra coisa, que acho que toda criança já pensou em fazer e a gente tentou, mas não obteve sucesso. A gente já roubou ovos de galinha, que nossas mães compravam em supermercado, e tentamos pegar uma galinha, que era de uma família que morava na frente do condomínio, para chocá-los. Nunca conseguimos, mas não há como dizer que não tentamos. Isso é o que importa, né não?
Mais velhos, começamos a viver a coisa de fulano ta apaixonado por ciclano ou gosta de tal, ou ta ficando com aquele. Teve o tempo (para não dizer sempre) em que o futebol era de lei nas noites de quinta, sexta e sábado para os meninos, e as meninas ficavam em volta da quadra conversando. Fazíamos festas sempre que estávamos afim, com direito à convites e decoração e ponch (assim que escreve?), aquela bebida de filmes americanos, sabe?
Ao deixar esse lugar que me proporcionou tantas aventuras, eu fiquei imaginando como será agora. Agora que estou crescendo, virando gente grande. Aos poucos. E deixando minha infância e adolescência de lado, ao deixar também o lugar onde cresci. Onde fiz amizades que já desfiz - alguns, infelizmente, outros não - e que me ajudaram, de certa forma, ser o que sou. Onde fiz amigos que sei que vão me ligar para bater um papo, nem que seja só uma vez no ano. Onde vivi tudo o que uma pessoinha vive ou deveria viver quando se é criança, quando se é adolescente, quando se tem dúvidas, quando se acha que sabe tudo, quando vê que não sabe nada, quando... quando... Simplesmente dá saudade e esse texto não é nada perto de tudo o que aconteceu.
Às crianças que agora correm entre aqueles prédios, do mesmo jeito que eu e os jovens que cresceram neles faziam, eu apenas digo: APROVEITEM.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fulano percebe que não está sozinho.

Nesta manhã de segunda-feira, Fulano levantou da cama muito cansado - parecendo não ter tido final de semana - se arrumou como de custume e perguntou a si mesmo por que sua vida é como é. Ao tomar seu ônibus de todos os dias, atravessou a multidão guardada nele e percebeu que não é sozinho. Não é o único que levanta cedo, encara ônibus e chefes antipáticos, chega tarde em sua casa e deseja, pelo menos, pagar as contas no final do mês.

Por favor, não entre no ônibus tratando as pessoas de um jeito como se só você tivesse problemas!

Grata!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estreando a nova casa.

ESTREIA no dicionário Priberam da Língua Portuguesa tem uma listinha de significados e um deles é esse: "Primeira vez que uma coisa serve." Analisando isso, cheguei à conclusão de que talvez isso daqui não sirva para você, e que, talvez, nem sempre servirá para mim, por isso escolho nesse momento a simples definição da conjugação ESTREAR que significa "usar pela primeira vez".


Eu tinha receio de criar meu cantinho virtual, sabe? Desde que entrei no mundo dos blogs eu divido as casas com alguém e me sentia (e sinto-me) melhor assim - acho que era (é) medo de morar sozinha.

Minha primeira casa era o blog Nossa Maré, do Núcleo de Comunicação Maré Alta no Projeto Arrastão, que eu fazia parte. O espaço era dividido entre diferentes e apaixonantes jovens mais os educadores. Foi exatamente aí que iniciei o meu caminho pela rede além do orkut, e percebi que, de verdade, sempre gostei de escrever.

Depois de dividir a casa com tanta gente, fui convidada para morar com duas garotas inigualáveis: Erica Ferro e Letícia Christmann. Durmo lá ainda (confesso que com menos frequência) e dividimos vários Pensamentos Devaneantes.

Como minha mãe bem sabe, eu não sou muito de ficar em casa e acho que meus companheiros Tony Marlon, Kenny Rogers e Milena Lopes descobriram isso também. Com eles dividi a mansão do Escola de Notícias e fui responsável por deixar nosso espaço em ordem (mulher acaba sempre cuidando da casa, né não?).

Hoje contribuo com o Mural, da Folha.com, um espaço onde vários jovens, moradores da grande São Paulo, amantes da comunicação, visam mostrar, através do jornalismo comunitário, a periferia com um olhar diferenciado da grande imprensa. São cerca de 40 correspondentes muito talentosos.

Com tantas casas repúblicas, resolvi criar esse espaço para quando eu precisar ficar um pouco sozinha (digo pouco, porque vou precisar sempre de visitas - não aguento por muito tempo a solidão). Eu quero avisá-los para ficar à vontade. Essa espiroteca, assim como todas as espirotecas da internet, é de acesso livre.