terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

As pilastras que se podem ter


A vida que te toma o tempo enquanto você dorme e que te tira o sono enquanto você luta, canta ao mundo o seu sucesso quando você não apenas pensa em fazer o bem, mas quando você vai e faz. E ela te dá as costas quando você não sonha e nem faz sorrir.

O coração, que nunca está parado (que bom!), pode se (e te) enganar, mas nunca te trair. Você quer ir por este caminho? Vá e se levante quando cair! Quer ser amigo e tratar bem quem está à sua volta? Muito bem! Porém, não diga que não vale a pena quando alguém não te der o troco. Você já sabia que isso poderia acontecer. Mas e daí?

Seus passos caminham bem quando enxerga por aonde vai, então não feche os olhos. Suas mãos fazem um bom trabalho quando se dão a outras mãos, então não faça nada sozinho. Não ame, não chore, não cante, não toque, não pule, não grite, não caia e não se levante com a sua solidão, apenas. Abrace a solidão de outro e fique só junto de alguém.

Não estude apenas para ter e não tenha apenas para ser. Seja simplesmente e ganharás o que merece, cedo ou tarde, triste ou alegre. “Se plantar chorando colherá sorrindo” já não lhe disseram? Eu completo e digo que se plantar sorrindo da cara dos outros, não colherá nada.

Nunca faça dos seus sonhos um pilar pra sua vida, faça deles uns quatro. Qual teto que se segura só em uma pilastra? Se quer viver da arte, de comida, de esporte ou de banco, viva! É só concretizar, estruturar, rebocar e decorar! E se quiser, mude de casa depois. Não há problema nenhum em construir novos empreendimentos. Pegue outro sonho e vá lá! A vida pode ser a realidade do seu sono.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Voltando a espirar


Tantos textos não terminados. Meus pensamentos me parecem imprescritíveis.  Linhas soltas nos cadernos e blocos de notas jogados pelas minhas bolsas e mochila, trechos de livros e canções perdidas nas rádios vão traduzindo e transfigurando cada sensação. Não quero frases como “asas para voar”, nem fingir que vejo “uma janela aberta” e um “céu azul” sobre mim.

Mas sei, as palavras se repetem, porque assim são os sentimentos que as traduzem: repetidos. Sorrir com a alma não é exclusividade de hoje, assim como a lágrima não se derramará só por agora. O amor sempre fará com que a gente se sinta forte e bobo, ao mesmo tempo. E as decepções sempre nos farão pensar que nunca confiaremos em alguém novamente.

Qualquer pessoa sente, pelo menos por um segundo, que pode mudar o mundo, assim como percebe que não. Mas podemos fazer algo que não nos faça sentir que estamos perdendo tempo. E pra fazer isso, precisamos apenas de alguém. Ainda que pense diferente, não há nada como ter alguém pra andar de mãos dadas com você. Não precisamos fazer com que as pessoas acreditem que nunca aceitaremos ajuda porque todos nós sabemos e sentimos que poucos são os momentos para ficarmos sozinhos.

Linhas tortas na minha cabeça, sentimentos perdidos em meu coração. Caminhos revistos a cada tropeço. E sua cabeça é sua cabeça, lugar onde ninguém entra se não deixar. Ninguém aguenta de verdade nossos comentários ácidos e impensados. E qualquer coisa que diga ou que faça, mesmo tendo sido apenas uma vez, pode te definir para sempre. Assim é a vida de verdade: pisar em ovos.

Nada dura tanto quanto o hoje. O ódio não é por ontem, é pelo o que você alimenta agora. É o que te diz quem você está e nada é permanente. O que renovar durante as horas da noite é escolha. Há quanto tempo não terminava um texto? Ainda me sinto como se tivesse uma mansão para arrumar. Sinto que preciso respirar. Mais!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Chá de sumiço

To afim de sumir no mundo
De ver o pôr-do-sol
De ver o sol nascer
De caminhar sozinha
Ou com você
E mais ninguém

To querendo chorar de saudade
Desejando fazer bondade
Andar com os pés descalços
E com os nós desatados

To querendo novas lembranças
E ganhar outros amigos
Presente bom é o teu sorriso
E eu quero mudar
Ir, quem sabe, para um paraíso

To afim de sumir no mundo
De chorar de saudade
Criar novas lembranças
E ganhar todo dia o teu sorriso
Isto nos transformará em paraíso


E por enquanto, preciso tomar, apenas, um chá de sumiço.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Onde cresci.

Nesse último final de semana eu e minha família nos mudamos de casa. Deixei para trás o condomínio em que cresci e enquanto carregava as nossas coisas para a carreta, observava as crianças correndo para lá e para cá com os pés descalços e chinelos nas mãos ao brincarem de esconde-esconde. Fazia questão de a todo momento mostrar para o meu irmão a criançada se escondendo pelos corredores dos prédios espiando pelas janelas, da mesma forma que fazíamos.

Foi entre esses mesmos corredores que junto aos meus amiginhos também me escondi. Entre os prédios inventávamos aventuras, fugíamos do tédio. Lembro que nos dias de sol, fazíamos guerra de água - cooperando assim para a falta de água potável no mundo. Nos dias de frio, inventávamos de assistir filme no apê de alguém ou ficávamos nos halls encolhidos, inventando brincadeiras ou apenas conversando - o que incomodava os vizinhos.

Assim como em todo lugar onde se tem criança, vivi época de tudo! Época de pipa, bola, de patins, patinete, bicicleta, peão, rouba-bandeira, pula-corda, de...de...de... tanta coisa! Teve um período em que todo mundo tinha um hamster e a gente levava nossos bichinhos para brincar (ou brigar) na grama. Em outro momento, o legal era jogar vôlei até de madrugada. E sabe o jogo de cartas "uno"? A gente jogava mau-mau, o uno no baralho, e era muito mais divertido!
Eu gostava muito quando a energia acabava à noite. Todo mundo descia. Todas as crianças e adolescentes. Era a oportundiade de rever aqueles que não saíam muito porque viviam estudando ou sei lá porque. A nossa brincadeira sempre era a mesma nessa ocasião: polícia e ladrão. Meninos contra meninas, quase sempre.
Quando eu era menor ainda, as brincadeiras vinham do mundo da imaginação. Além de rasgarmos nossas roupas escorregando nos morros que têm pelo condomínio, que nem sei como explicar como são, nós tínhamos a nossa caça ao tesouro! Detalhe: até hoje não encontramos o tal baú. Mas o legal é que era igual novela pois, todo dia a gente continuava a brincadeira de onde havíamos parado. Também tínhamos, cada um de nós, um amigo-fantasma-imaginário. E a gente sempre brincava com esses amigos nas balanças (imagina crianças empurrando balanças vazias).
E não para por aí. Um sonho nosso era construir uma casa! Na verdade, era cavar uma. Porque ela tinha que ser subterrânea. Com que cavávamos? Com colheres. A gente até ficava pensando como instalaríamos as luzes e em ter um elevador.
Na época da Chiquititas, que a gente tanto gostava, a nossa brincadeira era ter um orfanato de tatu. Sabe aqueles tatus em miniatura? Então. A gente pegava vários, colocava-os dentro de uma caixinha, que era o orfanato, e fazíamos de espetora uma formiga - sempre era uma formiga. No final do dia, os tatus orfãos eram libertos, sempre que a espetora - a formiga - morria com um meteoro - uma moeda - em cima dela. Era muito divertido!
Outra coisa, que acho que toda criança já pensou em fazer e a gente tentou, mas não obteve sucesso. A gente já roubou ovos de galinha, que nossas mães compravam em supermercado, e tentamos pegar uma galinha, que era de uma família que morava na frente do condomínio, para chocá-los. Nunca conseguimos, mas não há como dizer que não tentamos. Isso é o que importa, né não?
Mais velhos, começamos a viver a coisa de fulano ta apaixonado por ciclano ou gosta de tal, ou ta ficando com aquele. Teve o tempo (para não dizer sempre) em que o futebol era de lei nas noites de quinta, sexta e sábado para os meninos, e as meninas ficavam em volta da quadra conversando. Fazíamos festas sempre que estávamos afim, com direito à convites e decoração e ponch (assim que escreve?), aquela bebida de filmes americanos, sabe?
Ao deixar esse lugar que me proporcionou tantas aventuras, eu fiquei imaginando como será agora. Agora que estou crescendo, virando gente grande. Aos poucos. E deixando minha infância e adolescência de lado, ao deixar também o lugar onde cresci. Onde fiz amizades que já desfiz - alguns, infelizmente, outros não - e que me ajudaram, de certa forma, ser o que sou. Onde fiz amigos que sei que vão me ligar para bater um papo, nem que seja só uma vez no ano. Onde vivi tudo o que uma pessoinha vive ou deveria viver quando se é criança, quando se é adolescente, quando se tem dúvidas, quando se acha que sabe tudo, quando vê que não sabe nada, quando... quando... Simplesmente dá saudade e esse texto não é nada perto de tudo o que aconteceu.
Às crianças que agora correm entre aqueles prédios, do mesmo jeito que eu e os jovens que cresceram neles faziam, eu apenas digo: APROVEITEM.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fulano percebe que não está sozinho.

Nesta manhã de segunda-feira, Fulano levantou da cama muito cansado - parecendo não ter tido final de semana - se arrumou como de custume e perguntou a si mesmo por que sua vida é como é. Ao tomar seu ônibus de todos os dias, atravessou a multidão guardada nele e percebeu que não é sozinho. Não é o único que levanta cedo, encara ônibus e chefes antipáticos, chega tarde em sua casa e deseja, pelo menos, pagar as contas no final do mês.

Por favor, não entre no ônibus tratando as pessoas de um jeito como se só você tivesse problemas!

Grata!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estreando a nova casa.

ESTREIA no dicionário Priberam da Língua Portuguesa tem uma listinha de significados e um deles é esse: "Primeira vez que uma coisa serve." Analisando isso, cheguei à conclusão de que talvez isso daqui não sirva para você, e que, talvez, nem sempre servirá para mim, por isso escolho nesse momento a simples definição da conjugação ESTREAR que significa "usar pela primeira vez".


Eu tinha receio de criar meu cantinho virtual, sabe? Desde que entrei no mundo dos blogs eu divido as casas com alguém e me sentia (e sinto-me) melhor assim - acho que era (é) medo de morar sozinha.

Minha primeira casa era o blog Nossa Maré, do Núcleo de Comunicação Maré Alta no Projeto Arrastão, que eu fazia parte. O espaço era dividido entre diferentes e apaixonantes jovens mais os educadores. Foi exatamente aí que iniciei o meu caminho pela rede além do orkut, e percebi que, de verdade, sempre gostei de escrever.

Depois de dividir a casa com tanta gente, fui convidada para morar com duas garotas inigualáveis: Erica Ferro e Letícia Christmann. Durmo lá ainda (confesso que com menos frequência) e dividimos vários Pensamentos Devaneantes.

Como minha mãe bem sabe, eu não sou muito de ficar em casa e acho que meus companheiros Tony Marlon, Kenny Rogers e Milena Lopes descobriram isso também. Com eles dividi a mansão do Escola de Notícias e fui responsável por deixar nosso espaço em ordem (mulher acaba sempre cuidando da casa, né não?).

Hoje contribuo com o Mural, da Folha.com, um espaço onde vários jovens, moradores da grande São Paulo, amantes da comunicação, visam mostrar, através do jornalismo comunitário, a periferia com um olhar diferenciado da grande imprensa. São cerca de 40 correspondentes muito talentosos.

Com tantas casas repúblicas, resolvi criar esse espaço para quando eu precisar ficar um pouco sozinha (digo pouco, porque vou precisar sempre de visitas - não aguento por muito tempo a solidão). Eu quero avisá-los para ficar à vontade. Essa espiroteca, assim como todas as espirotecas da internet, é de acesso livre.